28/08/2023 às 13h53min - Atualizada em 28/08/2023 às 13h53min

Agosto Lilás: Sobre a Aula de Defesa Pessoal e a minha experiência coletiva e individual

Penso, que quanto mais palestras para instruir essas mulheres abusadas por esse tipo de violência tiver, dessa maneira podemos ajudar a diminuir o gráfico de femicídio no Brasil.

Isaura Elias Jacome Coelho

Isaura Elias Jacome Coelho

De tudo um pouco para deixar todo mudo louco.

Por Isaura Elias Jacome Coelho
Na noite do dia 23 de agosto às 19:00 aconteceu o aulão de defesa pessoal no “Céu das Artes”. Evento esse, promovido pelo grupo de corrida “Mulheres no Esporte Ptc”

Na oportunidade estava o Sargento Ítalo e a Soldado Andrêza que fazem parte da "Patrulha de Prevenção a Violência Doméstica Patrocínio - MG". A aula teve como objetivo principal mostrar a importância sobre como chegar em casa. Fomos alertadas sobre prestar atenção como andar na rua, como o jeito de estar com a bolsa e como transportar o celular em vias públicas.

Nesse momento falei sobre minha experiência de quando fiz o curso de passageiros (curso para carteira D) e a professora nos ensinou sobre a importância de quando for entrar na garagem de casa. A forma mais correta é entrar de ré na garagem, pois, se acaso acontecer alguma coisa é a maneira mais rápida de sair da situação. Dessa forma, sua visão é bem mais ampla. Também tive a oportunidade de comentar sobre não ficar fazendo o mesmo trajeto todos os dias e nos mesmos horários. Neste caso, a pessoa mal intencionada fica te observando durante muito tempo antes de agir maliciosamente.

Foi um papo bem agradável que tivemos com os dois PMs instrutores. Em seguida, a Andreia responsável pelo grupo das mulheres fez uso da palavra falando dos objetivos do grupo. Dando continuidade ao evento, Laira Arvelos nos encantou declamando um poema com o tema “Não é Não”, que nos fez pensar em muitas coisas, sobre como “ainda” as mulheres são vistas na sociedade. Ou seja, aquela que “NÃO” pode fazer nada que será agredida.

A Andreia depois fez uma explanação sobre como as agressões começam e as meninas da academia “Katakana Jiu-jitsu” deram explicações e ensinaram alguns modos de defesa, se acaso um dia for necessário utilizar. Esse é um pequeno resumo do que aconteceu nesse maravilhoso evento de utilidade pública.
 
Agora quero compartilhar sobre o turbilhão de coisas que passaram na minha cabeça essa é uma missão bem mais difícil. 

Esse encontro ativou memórias antigas de um “namoro abusivo” que amargamente vivenciei. Uma delas foi que certa vez esse ex-namorado me lançou spray de pimenta em meus olhos para eu saber como era viver essa experiência, isso me gerou muita tristeza angustia e decepção. Outra coisa que me veio a memória foi ele me falar de que eu tinha que arrumar um serviço melhor para quando a gente se cassasse eu ter condições dignas de ajudar em casa.

Outro absurdo que ele dizia era que eu tinha que dar atenção para ele em vez de minha filha, uma vez ficou sem falar comigo por estar chateado, pois minha filha adoeceu e necessitou de minha atenção.  Isso foi o basta para não querer mais e não me afundar nesse rio da morte, sendo assim, rompi essa relação doentia.  Demandou muito esforço e amor próprio para sair desta caixa de frustração e infelizmente passei achar que todos homens eram iguais. 

Infelizmente, na próxima relação foi tão frustrante como essa que acabei de compartilhar. Este exigia que eu não me cuidasse, proibia eu conversar com as pessoas, familiares dele, meus familiares, minhas amigas e principalmente pessoas do sexo masculino e desconfiava até da minha sombra, um ciúme doentio e que de fato estava me adoecendo. Ao percerber o buraco que estava caindo, sai fora antes de me ferir mais.

Mesmo já tendo passado muito tempo relembrar tudo isso gera dor e vergonha. Ao sair do “Céu das Artes” fiquei pensando o tanto que essas rodas de conversas podem ajudar mulheres a se reencontrar novamente e abrir seus corações para serem curadas. 

No meu caso essa programação promoveu uma reforma interna possibilitando-me esvaziar muitos lugares feridos em minha alma. As cicatrizes ficam, mas esse é um tipo de trabalho de “formiguinha”, mas que geram bons resultados. 

Atualmente vivo um relacionamento saudável sem agressões psicológicas. Entretanto, só consegui estar livre assim através de muita dedicação em saber que não era eu que tinha “o dedo podre”, talvez quem sabe ser uma "azarenta com homens" ou que todo homem era daquele jeito desses dois infelizes. 

Penso, que quanto mais palestras para instruir essas mulheres abusadas por esse tipo de violência tiver, dessa maneira podemos ajudar a diminuir o gráfico de femicídio no Brasil.
 
Informa Equipe Portal Guim@Online - A gente conecta você!
Link
Tags »
Leia Também »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://guimaonline.com.br/.
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? Fale conosco pelo Whatsapp